sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

O Fim Inevitável mas Adiável.

This is the way the world ends

Not with a bang but a whimper.

The Hollow Men (1925) T. S. Eliot

T.S. Eliot não poderia estar mais correto, mais duramente verdadeiro. Talvez não na escala apocalíptica mundial que o final de seu poema apresenta, mas sim de uma maneira mais sutil, delicada, significando o fim de uma sociedade, da energia, dos últimos brados de Vida de uma era.

Algumas civilizações terminaram com cataclismas, dês do Dilúvio da mítica Atlântida até a bem mais real domínio dos povos da sabedoria antiga pela não sabedoria através das cruzadas, por guerras e mesmos vulcões, mas infelizmente como disse anteriormente, esse não é o fim do mundo, por que a cultura, a sabedoria, a crença, a mente, as idéias dão um jeito de sobreviver, se desenrolar, alçar vôo no vento e criar novas raízes, se transformando e muitas vezes florescendo.

Mas observando estes últimos dias a novelesca minissérie da globo “Queridos Amigos” pude observar através do seu manto de dramas pessoais algo que raramente é visto, com seus vislumbres da cultura beatnik, dos movimentos sociais dos anos 80, 70 e assim, com este pano de fundo tão rico é possível ver a agonizante e rastejante morte da sociedade contemporânea, é possível a partir de tão pouco sentir o que houve antes deste momento sem pai e sem mãe (no sentindo mais freudiano) que vivemos, ainda existiam idéias, ainda existiam ideais, valores, e por mais que fossem distorcidos, retrógrados, intragáveis, ainda traziam consigo algo de humanidade, algo de independência e individualidade, mas a partir dali que estas idéias começam a cair em solo estéril, estéril pelo veneno da mídia e do marketing, pela seca de criatividade e inventividade, pela falta do adubo da poesia e prosa.

Pode parecer um tanto quanto exagerada ou deprimida essa visão, mas é o desenrolar do pós-moderno que vivemos, e como cada valor, cada ideal, cada sentimento foi ganhando seu equivalente com rótulo e prazo de validade. Não existe luta não por falta de vontade, mas por não ter como lutar contra os inimigos que se tornaram invisíveis e tão arraigados na humanidade que esta não tem mais escudos ou armaduras, apenas correntes invisíveis e chicotes envolvidos em contracheques.

Mas é importante em ultima analise observar que as idéias ainda estão ai, encubadas, esperando novas terras férteis, e se por um milagre o suspiro do fim não estiver tão próximo, e seja possível com um estrondo, um novo estrondo, nunca antes visto conseguir uma boa chuva, uma chuva que faça com harpas os faunos e as musas dançarem e assim, só assim, algumas idéias germinem. Mas raramente esses estrondos acontecem fora dos livros de fantasia, fora dos romances e filmes de Hollywood, portanto, o suspiro, inevitável em algum ponto da história, pode estar mais perto que esperado.

Um comentário:

Ginê disse...

Viva a Revolução!!!
Hehehehehe...
Estranho como as idéias morrem nos corações daqueles em que elas pareciam ter mais vida... digo isso por nós...
Abraço