segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A Cultura da Felicidade

O que aconteceu com o Sofrimento e a Raiva, a Tristeza e o ódio? Por que de uma hora para outra esses sentimentos deixaram de ser naturalmente humanos?
Vivemos hoje a sociedade da Felicidade Suprema onde qualquer traço de desconforto é irremediavelmente suprimido via Prozacs e terapia de Habilidades Sociais, tornando o ser humano um sorriso ambulante, um poço de gentilezas.
Por séculos o sofrimento e a tristeza foram relevados como as verdadeiras fontes de aprendizado humano, o caminho pedregoso onde cada um tinha de trilhar para se tornar um individuo mais sábio e melhor. Não hoje.
O individuo só é considerado feliz quando os conflitos são eliminados, temos de ser educados, não discordar ou divergir de nossos semelhantes em atitudes ou pensamentos, cada um pensa o que quiser e ninguém deve discordar, afinal, por que criar conflitos e “afetar a liberdade alheia” colocando suas opiniões?
Somos educados a manter nossos pensamentos guardados, ainda mais quando eles divergem da maioria, da massa, e para acalmar esses sentimentos diferenciados e a angustia que vem com eles, existem uma miríade de remédios e tratamentos, visando colocar uma cobertura sobre tudo aquilo que possa causar sofrimento.
O tratamento de habilidades sociais nos impõe uma maneira certa de agir, de pensar de se comportar, nos enquadrando em um padrão “aceitável”, de boa convivência com a o resto do mundo, mas será que é isso que queremos?
Cooptamos sem pensar, na paz da submissão, a um mundo onde discordamos de quase tudo, mas ainda assim não fazemos nada, apenas observamos o mundo passar sem tocalo, sem vive-lo, espectadores de nossas próprias vidas, com um sorriso no rosto, com qualquer coisa que pudesse ser reconhecida como sentimento guardada seguramente longe do mundo.
Não suportamos mais discutir, buscar um acordo, pois para ser feliz é preciso conhecer a tristeza e para amar é essencial sofrer, mas no momento que o amigo discorda nós o deixamos, no momento que o amor sofre, nos separamos e nunca de maneira alguma buscamos naqueles sentimentos “ruins” o que eles podem nos ensinar, o que podem nos fazer crescer, pois isso só tornaria as coisas ainda mais difíceis.
Quanto mais abertos nossos olhos, mais coisas horríveis podemos ver, quanto maior a consciência do mundo, mas vemos que ele é constituído de dor e sofrimento e fechamos então os olhos, nos tornamos ignorantes ao mundo, vivendo de maneira mais fácil, pois por mais que percamos qualquer possibilidade de mudança e melhora, também nos protegemos desse mundo malvado pronto a nos atacar.
A poesia da vida mingua a cada segundo, pois só conhecemos o azul claro e perdemos todas as outras cores da vida em nossa busca incessante de uma felicidade que não existe, de uma perfeição mentirosa, que nos enganamos existir para que seja possível viver sem olhar o que existe alem e nossos narizes.

5 comentários:

dkn disse...

Bom, isso é um tema clássico da ficção científica: Homem cria máquina que domina homem.

O mais recente Terminator trata disso. Aliás, a série toda é nesse tema.

Mas a busca por um algoritmo pra viver a vida continua.

by the way, você não vale nada mas eu gosto de você. :P

dkn disse...

Esse negócio de faculdade de psicologia mexe com os nervos, né?

Nat disse...

Gostei do post.
E concordo com tudo q vc disse...

Ainda recentemente fique sabendo por meio de um amigo de um treco chamado PNL (Programação Neurolinguística, já ouviu falar?), q num primeiro olhar tinha uma carinha de treino em habilidades sociais. Hauhauhauaha, depois eu vi q aquilo era mais uma técnica de "como ser feliz e se dar bem na vida", bem cara de propaganda polishop.

O q me irrita em tudo isso não é uma procura de algo q faça a pessoa ficar feliz, mas kct, a venda de receitinhas como se fossem o modo certo de se viver! E teu texto vem complementar essa minha revolta, pq fala do oferecimento de um padrão, a "docilidade dos corpos"...

Definitivamente, num é pra mim...

Bjos e parabéns pelo post! ;)

Anônimo disse...

Acho que lavar um grande tanque de roupa suja resolva o problema de todo mundo, por isso as lavadeiras sejam pessoas mais felizes........
não existe remédio ou uma receita de felicidade, o que existe são experiencias boas ou ruins na vida, infelizmente ou felizmente nós temos que passar por elas e principalmente saber pedir desculpas caso tenha errado, isso na verdade se chama "Educação", e ter educação não faz mal a ninguém, como cada ser humano tem uma digital diferente ele também reage de forma diferente, não concordo com seu texto, vc está sendo egoista e não esta sendo nada humilde como se sofrer ficar triste ter ódio seriam coisas boas p/ o ser humano, vc está totalmente equivocado. Pense melhor nesse assunto talvez quando vc tiver o dobro de sua idade seus valores com certeza serão outros e aí então esse texto também vai tem outro conteudo.Vc está fazendo alguma coisa p/ melhorar a si mesmo ou melhorar o mundo em que vive ?

sandra disse...

oi Rafa passei por aqui....
As pessoas felizes são as mais simples,a ignorancia é uma benção. Infelizmente o ser humano só aprende com a dor e como estamos fazendo de tudo p/ não senti-la estamos longe da perfeição.
É muito mais fácil fingir que não está acontecendo nada do que nos depararmos com o que virou a humanidade hoje. Acho que Deus se distânciou da sua criação ele deve estar profundamente decepcionado. só não perca a esperança, tem muita gente boa por aí ainda, assim como vc, gente tentando ser o mais honesta e correta consigo mesmo independente do que os outros vão achar ou pensar. Vc tem sempre a sua própria opnião doa a quem doer isso mostra o seu carater. Te respeito muito por tudo isso. Felicidade realmente não tem espessura, nem comprimento, nem largura, tem só o momento.Beijos